Eu tava só, sozinho…mais solitário que um paulistano

Como uma cidade tão linda faz com que as pessoas se sintam solitárias?

Em São Paulo, é fácil se sentir sozinho, seja no trânsito, no trabalho, até com os amigos. Mas para quem é emigrante, a situação piora: às vezes é difícil conhecer o vizinho, ter uma amizade de verdade com colegas de trabalho ou encontrar um amor. Hoje, estava sentada em uma muretinha ao lado do café do prédio onde trabalho e uma colega veio falar comigo. Em cinco minutos, era como se fosse minha amiga de infância.

A solidão é uma característica dessa cidade. Desabafar com o primeiro que te concede atenção acaba se tornando inevitável. Ela me contou que estava há dois anos sozinha. Bonita, alta, magra, cabelos lisos, independente e nitidamente inteligente, fica difícil entender qual é motivo. “Talvez o seu grau de exigência seja muito alto”, disse eu, para confortá-la.

A partir daí, ela me contou que não, a culpa é das próprias mulheres. “Tenho um amigo que está namorando com duas meninas ao mesmo tempo. Ele anda no meio das duas, cada mão dedicada a uma amada. As “namoradas” não só concordam com a situação, como também curtem se beijar mutuamente. Fiquei de queixo caído, mas tive que driblar o meu preconceito para seguir adiante com o papo.

No caminho de volta à minha mesa fiquei pensando o que faz as mulheres da nossa geração aceitar situações como essa. O mercado do amor está tão restrito que temos mesmo que nos sujeitar a qualquer situação em nome de “ter” alguém para chamar de seu? Observe bem a frase anterior. Em primeiro lugar, ninguém “tem” outra pessoa. Em segundo, chamar de seu é outro erro. Temos que nos amar mutuamente, mas sem desrespeitar os brios de ninguém e livre de possessões.

E os moderninhos de plantão podem até dizer que a poligamia está na moda. Pois pode ter certeza, um dos três elementos certamente pode se sentir mais rejeitado…e o triângulo termina com um dos três magoado. Tá bem, só o tempo pode dizer.

Quanto à minha amiga solteira e interessante? Bom, pedi a ela que tivesse paciência, acreditasse no amor e olhasse mais ao redor. Vai que o amor da vida dela está no trabalho, na mesa ao lado? Quem sabe é aquele vizinho do 11? A seguir, cenas dos próximos capítulos da nossa vida.

31 respostas em “Eu tava só, sozinho…mais solitário que um paulistano

  1. Oi Si!

    Confesso que já tínhamos conversado a respeito aqui na mesa, mas ler é tão mais grandioso! A possibilidade de refletir é sempre uma surpresa, que transforma cada linha em um parágrafo cheio de parênteses. Ui, que filosofia!

    (…) apesar de triste, traduz perfeitamente o sentimento que a grande maioria daqui tem. É um “sad but true” que faz perceber o quanto estamos presos ao cotidiano que a cidade já não pede; só exige.

    E você é uma pessoa toda linda.

    Um beijão!

    Flor

  2. Que bom saber que você adentrou na blogosfera! Muito bom, Simone. Parabéns!
    Sabe que assim que terminei de ler o seu post recebi um e-mail de uma amiga com um texto muito bacana da Marta Medeiros que complementa essa e outras questões do seu post. Sobre a solidão? São Paulo é uma cidade fascinante mesmo, e se sentir solitário (a) na maior cidade do Brasil parece uma coisa impossível de acontecer, não? Já senti na pele (mais de uma vez) essa sensação quando morava por aí. Mas não sei se esse é um caso isolado ou se tvz ele se agrave justamente em SP pela grandiosidade dessa cidade tão cosmopolita. Por isso a necessidade maior de olhar com mais calma e atenção para os lados, para o próximo, pro pedestre na rua, pra colega de trabalho, atenção ao falar (mais ou menos), atenção aos amigos de verdade, um bom dia pro vizinho, pq não?
    Enfim, acho que a agitação da cidade nos consome, sim, mas cabe a nós desacelerar. Prestar atenção a esses detalhes pode revelar pq a sensação de solidão ou não… será?
    Beijos, Tammy

    • É isso, Tammy! Desacelerar pode ser uma boa solução. A dificuldade é encontrar uma forma de fazer isso, vivendo aqui. Um beijo gigante!

  3. Que bom saber que você adentrou na blogosfera! Muito bom, Simone. Parabéns!
    Sabe que assim que terminei de ler o seu post recebi um e-mail de uma amiga com um texto muito bacana da Marta Medeiros que complementa essa e outras questões do seu post. Sobre a solidão? São Paulo é uma cidade fascinante mesmo, e se sentir solitário (a) na maior cidade do Brasil parece uma coisa impossível de acontecer, não? Já senti na pele (mais de uma vez) essa sensação quando morava por aí. Mas não sei se esse é um caso isolado ou se tvz ele se agrave justamente em SP pela grandiosidade dessa cidade tão cosmopolita. O fato é

  4. Si, adorei o texto!!
    Realmente, aqui em São Paulo a gente se sente um pouco solitário, e não é só de relacionamento amoroso, mas de amizades mesmo…todo mundo parece que tem mais o que fazer, trabalhar, cuidadar da própria vida e as amizades verdadeiras, gostosas, acabam se perdendo, ficam lá nos tempos de escola ou faculdade.
    Posta mais!!!!!!
    bjsssssssssssssssssssssss

  5. Vou dizer que o seu texto me inspira a ouvir mais o RC — e a pensar que essa cidade de todos é cada vez mais de ninguém.

  6. Simone,

    Não há nada mais o que acrescentar em seu texto. Não só a solidão, mas também o egoísmo se alastram por São Paulo. Às vezes a situação é angustiante até para o paulistano mais nato.

    É difícil manter certos valores e conservadorismos (para a maioria), como ter alguém sempre ao lado, ao invés de ficar “ficando” por aí ou até ter duas parceiras. Mas, como você mesmo disse, nossa hora ainda chega.

  7. Oi Simone!

    Antes de qualquer coisa, parabéns pela iniciativa de criar o blog e, obrigado por dar a oportunidade a nós homens de aprendermos como fazer o mundo que as mulheres vivem ser um lugar melhor.
    Através da leitura do que vocês sentem, poderemos nos aperfeiçoar sempre.
    Quanto a fazer amizades acho que é fundamental nos despirmos de qualquer máscara e fantasia para aqueles que nosso coração nos pede para aproximar. Vale lembrar que nem sempre o pedido é feito pelo coração, cabe a nós saber quem está pedindo.
    Quanto a sua amiga, por favor, passe o meu e-mail para ela, quem sabe ela terá um novo amigo.

    Beijo.

    Waldez

  8. Fato! cada vez mais estamos isolados e os relacionamentos estão mais “frios”. As pessoas estão com medo de se relacionar e isso é terrível. Acho que esse problema é reflexo da própria sociedade, na qual a superficialidade é latente!
    Falta comprometimento e profundidade em todos os relacionamentos.
    Adorei o texto! Parabéns, Si!
    Siga meu blog tb! rss
    http://www.brilhantenanet.blogspot.com

  9. Fato! cada vez mais estamos isolados e os relacionamentos estão mais “frios”. As pessoas estão com medo de se relacionar e isso é terrível. Acho que esse problema é reflexo da própria sociedade, na qual a superficialidade é latente!
    Falta comprometimento e profundidade em todos os relacionamentos.
    Adorei o texto! Parabéns, Si!
    Segue meu blog tb! rss
    http://www.brilhantenanet.blogspot.com

  10. Amiga, amei seu texto. Total verdade! Esse mundo tá perdido….rs
    Mas, sabe que eu ainda sou daquelas a moda antiga ne?! Acredito no amor…rs
    Bjs e boa semana

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